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Proteína é considerada muitas vezes uma vilã para os adeptos a dieta
Uma pesquisa realizada pela Banca do Ramon, um dos mais tradicionais empórios de São Paulo, mostra que 55% dos brasileiros reduziram ou cortaram o consumo de trigo e derivados das refeições.
O levantamento intitulado como “Hábitos alimentares dos brasileiros – preferências, dietas e tendências de consumo”, também mostra que 24% dos entrevistados não restringiram o ingrediente da alimentação, mas afirmam que gostariam de fazê-lo. Por um outro lado 19% acreditam que tal mudança é desnecessária, enquanto 2% limitaram o consumo de farináceos por serem intolerantes ao glúten.
Seja para perder peso ou não, o glúten acaba se tornando um assunto muito controverso para os leigos, uma vez que, muitas pessoas defendem a restrição da proteína na alimentação, enquanto outros acreditam que só devem ser evitados em casos de intolerância.
De acordo com a nutricionista Nathália Gazarra, o glúten é uma proteína encontrada no trigo, no centeio, na cevada e no malte. “O glúten é composto por duas proteínas chamadas gliadina e glutenina, que têm a propriedade de entrelaçar-se formando uma espécie de rede que retém o ar dando estrutura macia às massas. É o glúten que responde à ação do fermento, fazendo o pão crescer e se transformar, ganhando consistência única. Sem eles, a elasticidade e a textura das massas, bolos e pães nunca seria possível”, explica.
Hoje em dia, o glúten é considerado um vilão para muitas dietas, principalmente para aquelas pessoas que desejam emagrecer. “Muita gente não procura nenhum médico ou um nutricionista e acaba cortando todos os alimentos que contém a proteína. A medida pode resultar em um emagrecimento ou melhora da qualidade da alimentação, mas isso não está relacionado ao corte de glúten, mas, sim, da restrição como um todo”, completa Gazarra.
A doença celíaca afeta o intestino delgado de adultos e crianças geneticamente predispostas, ocasionada pela ingestão de alimentos que contém glúten. A patologia causa atrofia das vilosidades da mucosa do intestino, causando prejuízo na absorção dos nutrientes, vitaminas sais minerais e água.
No caso de pessoas celíacas, o glúten deve ser totalmente cortado da alimentação. Essa condição, é considerada uma doença crônica, pois não tem cura, mas tem a possibilidade de ser amenizada. Entre os principais sintomas estão, a diarreia, dificuldade no desenvolvimento (no caso das crianças), fadiga, fraqueza, emagrecimento, flatulência, inchaço, distensão abdominal, alterações emocionais e vômitos.
A intolerância ao glúten é facilmente confundida com a doença celíaca, no entanto, esses dois problemas possuem condições diferentes. Enquanto a doença celíaca é uma inflamação na mucosa intestinal, a intolerância é a dificuldade na digestão da proteína. Desta forma, a intolerância ao glúten é conhecida clinicamente como sensibilidade ao glúten não celíaca. Contudo, apresentam sintomas parecidos e apenas os exames podem mostrar o diagnóstico, porém, a restrição na alimentação se aplica nos dois casos.
Segundo a nutricionista o ideal é ter uma alimentação equilibrada, pois o problema está no consumo exagerado dos alimentos farináceos, como pães, massas e bolos. Afinal, não adianta cortá-los e substitui-los por tapioca, massas ou pães sem glúten e tubérculos, como batata doce e mandioquinha, por exemplo. Pois, esses alimentos fazem parte do grupo dos carboidratos, portanto, possuem o mesmo valor calórico.
Mas, ela faz um alerta para as pessoas que tiram totalmente os carboidratos da alimentação na tentativa de emagrecer. “Há também aqueles que tiram todo o carboidrato da alimentação para evitar o glúten. Porém, os carboidratos também são importantes, pois eles são fonte de energia, então, corta-los é extremamente prejudicial. Até porque nosso cérebro para funcionar corretamente precisa de uma quantidade mínima de carboidratos. Portanto, é errado elimina-los da dieta, se houver necessidade de cortar o glúten, o nutricionista irá orientar quais alimentos devem ser evitados e substituídos”, finaliza Gazarra.
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