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Supremacia da bala


A mais recente chacina ocorrida nos Estados Unidos, em Las Vegas, esta semana, volta a suscitar o debate em torno da liberação de venda de armas a cidadãos norte-americanos. Venda – até de metralhadoras – sem qualquer restrição.

O lobby da indústria de armas no país é poderosíssimo, haja visto que fornece qualquer tipo de armamento para o mercado interno, externo e – acredite – até para inimigos via mercado negro. Esse poder, aliado ao que reza o texto ambíguo da Segunda Emenda da Constituição americana (ratificada e em vigor desde 1791), nos levou a assistir – apenas nos últimos 18 anos – a 31 grandes massacres que chocaram o mundo.

Nesse período, o número de “incidentes” ocorridos em universidades americanas não foi desprezível: 91 escolas e universidades foram cenário de tiroteios e tentativas de homicídio. Violência de tamanha proporção em uma sociedade que se considera avançada – e o é, tecnologicamente – não encontra paralelo em qualquer outra coletividade civilizada. E a pergunta que permanece sem resposta é: por quê?


Ao tempo em que era de estudante de engenharia por lá, um colega, também brasileiro, viveu uma experiência no mínimo traumática. No seu primeiro ano, residente no dormitório da Universidade e ainda guardando os resquícios de carioca irreverente, foi ameaçado por um aluno norte-americano que não gostou de uma gozação feita sem maior importância e disparou: “Next time I`ll kill you” (”Da próxima vez eu te mato”). Tendo assistido a cena e assustado, fui percebendo, ao longo da vida, que o caso não era exceção...

Não creio ser exagero afirmar que os Estados Unidos são uma sociedade belicista. Estiveram envolvidos em 20 conflitos no século XIX e 27 no século XX. Neste século, já são 6. Além disso, a presença militar norte-americana no mundo certamente vai além dos dados oficiais divulgado pelo Departamento de Defesa dos EUA. Na mais recente contagem divulgada pelo governo, atualmente são 686 as bases fora dos cinquenta estados norte-americanos e de Washington D.C.

Não é improvável que exista alguma relação entre a formação do cidadão norte-americano, desde pequeno, acompanhando a presença de seu país em conflitos, o orgulho pelos “marines” – sempre qualificados como heróis pela mídia e filmes –, e o sentimento de que a mais poderosa potência do planeta pode tudo. Uma certa arrogância.

Indaga-se, então, como fica a cabeça dos jovens em desenvolvimento, formados diante de tanta intimidade com a violência das guerras, suas consequências e sequelas? E, mais tarde, como agir e reagir na vida adulta?

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