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Música deixa Natal de detentos mais leve


Uma canção tem o poder de dar esperança ou até nova perspectiva para a vida

Acostumamos a enxergar o Papai Noel como o homem fantasiado que entrega brinquedos e doces para as crianças. Para essa edição de Natal, o Jornal da Cidade traz histórias de personagens de Holambra que também ajudam o próximo, mas por meio da música e sem precisar de barba, gorro e presentes.

Uma canção tem potencial para gerar esperança, seja em um presídio ou em uma casa para idosos. São duas iniciativas: uma idealizada pela família Schoenmaker, com o apoio da comunidade, e outra do doutor Vagner de Castro, junto com a Orquestra de Violeiros de Holambra (veja box).

Emoção no presídio

Há 17 anos, em uma data próxima do Natal, Gemma Schoenmaker organiza um grupo de 60 a 70 pessoas para cantar no presídio de Casa Branca. Com capacidade para 700 presos, o centro de detenção tem 1.870 integrantes atualmente, mas isso fica em segundo plano na hora da apresentação. A última visita aconteceu na quarta-feira, dia 20. “Tentamos passar uma mensagem de fé, confiança e esperança; de que nada está perdido e é possível recomeçar. Eles são lembrados nesse momento, já que a maioria se sente esquecida”, descreve Gemma, explicando que a cantoria ocorre no pátio (com uso de microfone) e com os detentos dentro das celas, já que a prisão é de segurança máxima.


O grupo de músicos é formado por pessoas de várias crenças, que fazem corais natalinos mas que também entoam músicas do Roberto Carlos, por exemplo. “É uma forma de passarmos energia boa, interagir com os que estão lá. Eles ficam agradecidos só de trocarmos olhares. Ficamos a um metro e meio de distância deles, a comunicação se dá por meio de gestos”, explica a responsável pela iniciativa.

A ideia surgiu depois que uma irmã de Gemma trabalhou como voluntária em uma cadeia pública. “O diretor geral do presídio diz que a energia do lugar muda depois que passamos por lá. Os presos ficam mais calmos. Quando teve aquela rebelião do PCC, o de Casa Branca foi um dos que menos participou”, lembra Gemma. “Os funcionários dão todo o apoio porque eles veem o resultado.”

No dia 24, cada preso também recebe um cartão de Natal. São muitos voluntários envolvidos, de cidades como Holambra, Artur Nogueira, Casa Branca e Itobi. “Dizemos para eles (presidiários) que devem ser gratos à direção por eles darem a oportunidade da música. A emoção é muito grande para quem vai pela primeira vez, tem pessoas que só choram porque é triste ver tantos jovens, é chocante”, lamenta Gemma, acrescentando que a visita vale a pena. “As condições são tristes, mas quando o presídio canta junto, a emoção é indescritível. Quando todos rezam o Pai Nosso no pátio, imaginamos que a situação vai mudar”, completa.

Violeiros no Centro Social


O trabalho do doutor Vagner de Castro por si só já tem um viés social: ele é diretor do serviço de coleta do Hemocentro da Unicamp. Porém, é nas horas vagas e com sua viola nos braços que o médico leva alegria para outras pessoas. Recentemente, participou de uma Cantata de Natal com a Orquestra de Violeiros de Holambra no Centro Social Holandês. “A cada dois ou três meses, às vezes até sozinho, toco violão para animar e deixar o ambiente mais alegre. É uma atitude pequena, mas que leva satisfação para eles”, explica Castro, que se especializou em hematologia e hemoterapia.

Castro diz que na última apresentação no Centro Social, realizada este mês, até pessoas que passavam pela rua reservaram um tempo para ver a música cantada aos moradores. Ele acrescenta que muitos conhecem as letras, especialmente quando se trata de músicas conhecidas. “Você vê a alegria na cara deles e isso gratifica a gente. A viola e a música ajudar a unir pessoas”, complementa. Sempre de forma voluntária, ele já fez 11 shows em 2017, em lugares deferentes. Os holambrenses agradecem.

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