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Fogos de artifício: um pesadelo para os cães


É possível ter show de pirotecnia silencioso, sem perder a beleza e o encantamento


Bob ficou bastante machucado ano passado por conta do barulho dos fogos. Foto: arquivo pessoal

Bob, um chow-chow de 7 anos, não tem muito o que comemorar com a chegada de um novo ano. Isso porque os fogos de artifício são um pesadelo para o cão, porque ele fica estressado, ansioso, chora e treme.

A sua dona, Milena Mendonça Vilela Arruda, contou que Bob sempre fica em pânico com a queima de fogos. O cachorro chegou na casa dela há cinco anos, quando foi adotado e virou o xodó da família.

Bob disputa os mimos com Antonina, uma vira-lata; Frederico, pug, e Fifi, labradora - os outros três cães de Milena. Ela disse que todos ficam agitados e apavoradoras com o barulho.

Porém, o momento mais crítico aconteceu no ano passado, enquanto a família de Milena viajava para festejar o Natal. Ela contou que recebeu uma ligação, no meio das comemorações, da pessoa que cuidava dos cachorros. “O Bob ficou tão apavorado que quebrou uma porta de madeira, para tentar fugir”.

Nessa tentativa, Milena comentou que o Bob se machucou bastante, chegando a descolar as unhas. A família teve que interromper as comemorações natalinas, voltar para casa e cancelar a viagem de réveillon.

A dona do cão ressaltou que sempre que há queima de fogos ou trovão Bob fica agitado, entra em pânico e sai de controle. O animal dócil, que atrai pela beleza, já quebrou duas portas devido ao intenso barulho dos festejos. “Os outros três também ficam estressados, choram, escondem e saem correndo como se não tivesse rumo. É nítido o sofrimento deles”, lamentou.


Milena falou que a maior dificuldade é o que fazer com Bob, porque o pânico é tão grande que ela precisa ficar com o cão para que se acalme. Com acompanhamento de uma médica veterinária, neste ano, antes do Natal, o cão foi sedado. “Aparentemente, não acabou o sofrimento dele, mas aliviou”, observou.

Para a passagem de ano, Bob será submetido mais uma vez à medicação, com acompanhamento médico, e o aconchego de sua dona. “Para mim, meia noite, em vez de ser um momento para ficar com a família e curtir, eu fico apreensiva pensando como eles estão”.

Milena observou que os outros três também ficam com muito medo e não têm quem controle-os. Por isso, ela os deixa separados e fechados para que não fujam.

A aposentada Maria de Fátima de Souza possui três cães vira-latas e nesses dias festivos precisa ficar em casa para acalmar os animais. “Eles ficam desorientados, correm de um lado para o outro e latem bastante”.

Um problema decorrente

Quem faz uma pesquisa rápida na internet poderá ver uma série de exemplos de cães que se machucaram ou morreram ao tentar fugir por causa dos fogos. A médica veterinária Cynthia Helena Lobo disse que no dia 1o é comum encontrar vários cachorros perdidos e atender outros com sérias lesões.


Ela explicou que todas as raças de cães possuem medo de fogo e isso se deve a sensibilidade da audição deles. A médica veterinária exemplificou que o barulho para esses animais seria como se fosse uma bomba para nós.

De acordo com Cynthia, a intensidade das fobias dos cães pode estar associada aos traumas ao longo da vida. Por isso, ela comentou que as reações são diversificadas, pois, enquanto uns ficam agitados, outros podem se tornar agressivos aos próprios donos. “Existe um medo que é natural, aos fogos, mas tem um estado intermediário, que requer mais cuidados, e até o incontrolável, que necessita de acompanhamento médico e medicação”.

A médica veterinária salientou que existem várias técnicas e cada animal responderá de forma diferente aos métodos. Mas, para quem não teve tempo de preparar a audição do mascote da casa, Cynthia aconselha que, antes do foguetório, os cães devem ser colocados em um ambiente fechado, como banheiro ou lavanderia, que abafe o som e não tenha objetos que possam o machucar.

Ela ainda sugere colocar algodão no ouvido dos cães, que funciona como um abafador, ou um som no lugar onde o animal esteja (TV ou rádio), para minimizar o ruído externo. No entanto, a médica veterinária lembrou que os donos não podem reforçar um comportamento negativo, agindo de uma forma que não faz parte da rotina de cuidados. “O responsável pelo cão não pode passar insegurança”.

Cynthia comentou que os donos devem retirar a comida e a água dos animais na hora dos fogos. Ela recomenda que os cães recebam coleira de identificação, pois se fugirem, fica mais fácil de encontrar o dono.

Segundo ela, os cães não devem ficar amarrados, pois podem se enrolar e fraturar membros ou até se enforcarem. “Mantenha a porta e janelas fechadas, para que no momento de pânico, eles não pulem. Entretanto, animais que comem objetos ou se mutilam por causa do pânico, precisam ser sedados e, em alguns casos, internados. Na dúvida, os donos devem procurar um médico veterinário”.

A médica veterinária também alertou para a automedicação sem a prescrição e acompanhamento médico. “Existem pessoas que chegam a dar ‘dramin’ ou outros medicamentos que são usados como ‘calmantes’. É um erro, porque não resolve”.

Ela comentou que existem em casas agropecuárias petiscos fitoterápicos que funcionam como calmantes. “O bom seria se mudássemos os nossos hábitos, pois a queima de fogos de artifícios prejudica todos os animais domésticos, silvestre ou exóticos, causando sofrimento e morte”.

A médica fez um artigo para o Jornal da Cidade, que pode ser encontrada no site, na coluna Pet.

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