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Jornalismo é uma espécie de ‘sacerdócio’, afirma Luiz Ceará


Em entrevista ao JC Holambra, o campineiro conta um pouco de seus 45 anos de carreira, sendo quase quatro décadas em TVs

Em todo o Brasil, hoje, dia 16, é comemorado o dia do repórter, profissional que tem como função, entrevistar, apurar, pesquisar, investigar e produzir notícias. Todo bom jornalista tem como objetivo primordial informar a sociedade e formar opiniões de forma imparcial.

Para comemorar a data e discutir o futuro da profissão, o JC Holambra foi conversar com um dos mais conhecidos repórteres do Brasil, Luiz Roberto Serrano Ceará, mais conhecido como Luiz Ceará, uma referência na profissão. Natural de Campinas, traz em sua bagagem passagem por quase todos os meio de comunicação, como rádio, jornal, TV, revista e internet.


O campineiro é apaixonado pela profissão que escolheu. “Eu tenho um respeito muito grande pelo jornalismo. Para mim é uma espécie de ‘sacerdócio’, que não tem hora, não tem dia para estar à disposição da população e da notícia, assim como um padre e um médico”, acredita.

Para Ceará, historicamente, o jornalista tem participado não só na vida das pessoas, mas também na presença ativa na vida política e social. “Servimos também como voz para a população, porque nós vamos buscar as informações e estas devem ser corretas e as opiniões analisadas”, explica.

Como repórter, o jornalista começou a trabalhar em 1973 no jornal Diário do Povo, na editoria musical. Nesta época entrevistou grandes nomes da música brasileira, como: Cartola, Nelson Cavaquinho, Gal Costa, Gilberto Gil, entre outros. E aquela frase: “quem sabe faz ao vivo”, pois é, assim ele fez e faz.

Dicas ao repórter

Quanto ao jornalismo esportivo, seu primeiro trabalho foi na Rádio Tupi, de São Paulo, na qual ele era o correspondente de Campinas. Para ele, os principais deveres do repórter, independente da editoria são “fazer uma matéria muito bem informada e ter uma boa agenda. Antigamente era bem mais difícil, hoje está mais fácil com a internet”, compara.

Quanto ao repórter que vai às ruas atrás da informação no local, “tem de estar atento, para não ser pego de surpresa, um gol num jogo de futebol, um acidente, um assassinato, uma catástrofe, tem de estar sempre plugado nos assuntos que irá cobrir”.

Já no caso de quem atende a editoria geral, o experiente repórter explica que o espectro deve ser maior, pois tem de estar a par de tudo, na medida do possível: “ler muito, falar outras línguas, ser bom de internet, de computação, isso é muito importante”, ensina.

Quando se trata da editoria de esportes, o profissional não pode se limitar aos fatos locais. “O repórter é muito mais do mundo do que local. Quem faz editoria esportiva deve saber o que passa no mundo futebolístico da Europa, Ásia, Estados Unidos e por ai vai”, indica.

Retorno

Como repórter e comentarista, Ceará diz que nunca se sentiu pressionado ou perseguido. “Fui apenas criticado, isso faz parte da profissão, senão souber conviver com isso não pode mais escrever e tem de ser comprometido com a notícia para poder dar a sua opinião”, revela.

Ceará não acredita que tenha contribuído de forma grandiosa para o jornalismo brasileiro. Ao longo dos 45 anos de carreira, sendo quase quatro décadas de TV, trabalhou nas grandes emissoras, como Globo, Bandeirantes, SBT, TV Século 21, Rede Família e Rede TV, em que está atualmente. “O que eu deixei foi um pequeno legado, simples e humilde. Eu acho que a gente nunca deve ter a sensação de dever cumprido, (que remete acabado), porque eu não quero parar, quero produzir, eu tenho que continuar trabalhando da forma correta, com responsabilidade, ainda quero fazer muito mais”, se orgulha.

Para o especialista em esporte, quem opta pela profissão de jornalista é exclusivamente por paixão e diz que muitas vezes o profissional é mal remunerado. “Não me arrependo de nada, nem de trabalhar muito, nem do cansaço. Hoje, o mercado está uma droga, as empresas estão mandando os profissionais embora, vivemos um momento de muita crise”, lamenta.

Marcas

O comentarista marcou presença na cobertura de cinco Copas do Mundo e quatro Olimpíadas. Mas, segundo ele, a sua maior contribuição profissional foi o seu jeito de ser e trabalhar. “Sou um cara decente, honesto, nunca persegui, nem fiz maldade com ninguém. E também nunca deixei o fato de eu ser exposto na mídia afetar a minha vida, sou uma pessoa extremamente simples”, garante.

Ao longo de sua carreira, Ceará conta que não houve apenas uma entrevista que foi a mais marcante, porque várias o emocionaram, como nada menos do que a do rei Pelé. Também foi importante quando trabalhou no programa Aqui Agora, onde pôde cobrir o período do Carandiru, quando “explodiu a bomba” e, não menos importante, as Olimpíadas.

Outra lembrança inesquecível foi com o jogador Romário, que o deixou bastante satisfeito. “Antes de ir para a Copa do Mundo ele me deu um furo jornalístico, dizendo que ia sair da concentração para ir à igreja e me disse que ia fazer dois gols. E no outro dia ele fez os dois gols e era o que o Brasil precisava para se classificar”, se emociona.

“Ficha Técnica”

Luiz Roberto Serrano Ceará nasceu no dia 23 de julho de 1950, com formação em Jornalismo pela PUC Campinas, cidade onde nasceu e que vive com a sua família. É repórter na Rede TV, onde cobre a série B do Campeonato Brasileiro; participa diariamente do programa Rede TV News, em que faz comentários diários curtos no portal da Rede TV; tem um programa de quarta-feira na Rede TV que chama Resenha do Luiz Ceará, com os colegas Juarez Soares e Felipe Jardini, que conta o dia a dia do futebol. Com o mesmo nome, também está ativo no seu canal do Youtube Resenha do Luiz Ceará, onde entrevista os grandes astros do esporte.

Um pouco de história: 16 de fevereiro

O repórter tem a missão de cobrir uma pauta definida por seu editor (a) e geralmente, assim como os jornais são divididos em editorias, este profissional midiático também é. Alguns exemplos são: política, polícia, esportes, cidades, mundo, economia, cultura e por aí vai. E ainda tem o repórter que faz a cobertura fotográfica. E que fique claro: todo repórter é jornalista, mas nem todo jornalista é repórter.

Em 1442, o alemão Johannes Gutenberg revolucionou a imprensa com uma nova técnica de impressão usando máquinas – prensa - que antes era feita de forma manual. A invenção foi imprescindível para a criação dos jornais modernos e, tendo como consequência, o surgimento dos primeiros repórteres. Nas décadas seguintes as publicações aumentaram e a profissão do repórter ficou ainda mais conhecida.

No Brasil, os primeiros jornais de caráter noticioso surgiram no final do século IXX, como O Estado de São Paulo e o Jornal do Brasil. Antes, os jornais publicavam conteúdo oficial e opinativo. Com essa mudança de ótica, a profissão do repórter ganhou destaque no início do século XX, quando os jornais passaram a dedicar espaço para as grandes reportagens.


Euclides da Cunha é considerado por alguns como o primeiro repórter do Brasil, devido à cobertura da Guerra de Canudos para O Estado de São Paulo, em 1896. Na época, o autor de “Os Sertões” entrevistou presos, pesquisou arquivos sobre os personagens da guerra, como Antônio Conselheiro, e narrou para o jornal o que acontecia no arraial.

Perseguição

Ao longo da história, os repórteres conviveram e convivem até hoje com a censura e perseguição política, militar, policial e de criminosos. Segundo o relatório de 2013 da organização Repórteres sem Fronteiras (RFS), o Brasil é o país com o maior número de jornalistas mortos nas Américas. Tais fatos enaltecem ainda mais a importância do repórter, que diversas vezes se arrisca para levar a informação até a população.

Dia do Jornalista:

Quanto a data exata em que é comemorado o Dia do Jornalista há divergências no Brasil. Abaixo as seis datas encontradas:

24 de janeiro – Dia do padroeiro da profissão, São Francisco de Sales (bispo e doutor da Igreja Católica) para homenagear os profissionais do jornalismo.

29 de janeiro - A data é, de longe, a mais citada nos calendários comemorativos brasileiros. As informações vão desde uma homenagem ao jornalista e abolicionista José do Patrocínio (falecido nesta data, em 1905).

16 de fevereiro - Dia do Repórter.

07 de abril - Foi instituído pela Associação Brasileira de Imprensa em homenagem a João Batista Líbero Badaró, médico e jornalista, que foi assassinado por inimigos políticos, em São Paulo, em 22 de novembro de 1830. O movimento popular gerado por sua morte levou à abdicação de D. Pedro I, no dia 7 de abril de 1831. Um século depois, em 1931, em homenagem a esse acontecimento, o dia 7 de abril foi instituído como o "Dia do Jornalista".

03 de maio - Pode ser considerado o Dia do Jornalista por ser a data da Liberdade de Imprensa, decretada pela ONU em 1993.

01 de junho - Dia da Imprensa que durante 192 anos foi comemorado, erroneamente, em 10 de setembro (atribuía-se à Gazeta do Rio de Janeiro, jornal oficial do Império, ser o primeiro jornal brasileiro). No Brasil, a Imprensa surgiu em 1808, quando passou a circular, em 1º de junho, o "Correio Braziliense”.

Nos EUA, o dia do jornalista é celebrado no dia 8 de agosto e mais datas surgem em outros países.

Fonte:

www.brasilescola.uol.com.br

www.oestegoiano.com.br

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