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A tecnologia como aliada no combate ao preconceito



Nos últimos dias vimos uma cena extremante chocante que deixou muitas pessoas indignadas; e isso só foi possível graças às novas tecnologias nos celulares e as tão famosas mídias sociais. O morador de um condomínio humilhou um motoboy, de forma realmente vexatória. Segundo alguns meios de comunicação, descobriu-se que o homem, infelizmente, tem o hábito de tomar esse tipo de atitude com outras pessoas, como prestadores de serviço do seu tão luxuoso condomínio e até mesmo com os colaboradores desse residencial, sejam eles porteiros, vigilantes e até mesmo vizinhos.


Tudo isso tem vindo à tona nos últimos tempos por causa da velocidade que a informação chega até nós. Recentemente tivemos um outro caso, dessa vez na cidade de Barueri, onde um morador (também de condomínio) ofendeu e desacatou dois policiais militares alegando que era rico e o PM um pobre assalariado. Tivemos ainda o caso do famoso desembargador que humilhou um guarda municipal e rasgou a multa por não usar a máscara. O foco no caso de Valinhos tem sido o preconceito racial, que com certeza é muito importante, mas gostaria de refletir sobre um outro preconceito que é muito pouco trabalhado; o preconceito socioeconômico.



Cenas como essas são mais frequentes do que se imagina. Felizmente é uma minoria que tem esse tipo de atitude, mas causam estragos enormes. Não é raro moradores ofenderem e humilharem colaboradores como porteiros, auxiliares de limpeza e segurança, isso quando não os agridem fisicamente; tudo em nome do "quem paga seu salário sou eu”, “quem é você para vir me abordar? ", "você sabe com quem está falando?" (a mais famosa de todas).


O foco aqui não é ideológico ou do politicamente correto; nosso papel é abordar a segurança e como esses atos são extremante danosos para toda a comunidade que vive dentro de um condomínio. Quando esses profissionais e colaboradores ficam expostos e não são amparados nessas situações, eles reagem naturalmente como qualquer outro ser humano reagiria - apesar de serem treinados para lidar com tais situações com equilíbrio e parcimônia. Mas uma coisa inevitável é o total desestímulo pela sua atividade, uma ausência natural de perspectiva e consequentemente a falta de comprometimento e eficiência na sua missão, que é proteger.


Sempre orientamos os administradores desses condomínios que sejam tomadas medidas necessárias para inibir esse tipo de atitude antissocial e desrespeitosa. Além dos danos psicológicos causados a quem sofre a violência, o condomínio pode ser processado por danos morais.


Normalmente esses episódios acabam ficando restritos a um pequeno grupo dentro do condomínio: pelo autor, pela vítima e às vezes pela administração; o que acaba se tornando uma situação confortável para quem causou o problema. Nesses casos o melhor remédio é a transparência, para que toda a comunidade tome ciência, assim o ato de desinteligência não será julgado por um ou dois, e sim por todos que ali vivem. Querem um exemplo de como essa estratégia funciona? O famoso desembargador foi flagrado a semana passada fazendo a sua tradicional caminhada, só que dessa vez de máscara!


Estamos em um momento onde a nossa forma de se relacionar com o outro, independentemente de raça ou condição socioeconômica, demonstra o quanto também somos importantes em relação à nossa própria segurança. Não podemos simplesmente terceirizá-la de forma plena. Existe uma parcela de responsabilidade (tanto pública quanto privada) que é intransferível, sim; mas ser proativo é fundamental para realmente termos a tão sonhada “segurança ideal”.

Fonte: Adalberto Santos - especialista em segurança , consultor, palestrante, analista em segurança empresarial e criminal.

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