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Amor: mais forte que a pandemia. Será?



O apóstolo São Paulo, ao escrever em uma de suas cartas que o amor tudo sofre, crê, espera e suporta (I Coríntio: 13,7). Mas, será que esse sentimento consegue vencer a pandemia? Seria essa atitude mais forte que o coronavírus? A expressão máxima das emoções subjugaria o isolamento?


Após quase um ano e meio de luta contra o Covid-19 e dois dias dos namorados (2020 e 2021) sem muita graça, os casais buscam na resiliência o desejo para manter vivos os seus relacionamentos.


O JC Holambra entrevistou a psicóloga holambrense Débora Sievers, que atua há quase 30 anos nas áreas clínica, organizacional, educacional e treinamentos e Silvio Donizeti Fortunato, pastor, sociólogo, bacharel em teologia e palestrante, de Artur Nogueira.


Confira a entrevista na integra:


Psicóloga Débora Sievers




JC Holambra: O que faz um casal ser feliz?

Débora: Acredito verdadeiramente que não existem regras para ser feliz com alguém a não ser realmente “querer” ser feliz com aquela pessoa, afinal, o amor é uma conquista diária.


Mas acredito também que podemos conquistar essa felicidade na vida conjugal adquirindo e trabalhando alguns comportamentos específicos do dia a dia como:

- manter um diálogo verdadeiro e aberto (se comunicar sempre), pois a comunicação é fundamento para que possamos entender um ao outro e criar esse vínculo.

- casais felizes buscam aproveitar ao máximo a companhia um do outro por isso é importantes que se criem interesses em comum, descobrir algo que os dois gostem de fazer juntos.

- passar um tempo junto, curtir cada momento é maravilhoso e muito importante, mas para a felicidade do casal também é necessário termos o nosso momento individual de vez em quando e saber respeitar esse momento.

-alimentar pequenos gestos, carinhos, como: beijos, abraços, dormir de conchinha, flertar, se paquerar, brincar um com o outro, assistir filme de mãos dadas, são coisas que fortalecem a relação e promovem a felicidade. Com o tempo os casais vão se esquecendo disso e acabam se perdendo sem nem saber o motivo.

- casais felizes dizem “eu te amo” com frequência e assim demonstram seu afeto e a importância do outro na sua vida.

E por fim acredito que para felicidade dos casais algumas brigas são importantes, mas fazer uma piada quando alguma briga passar é ainda mais importante para um relacionamento. Senso de humor torna a vida muito mais leve.


JC Holambra: Os conceitos de adaptação e resiliência nunca foram tão falados como agora. Quais os efeitos da pandemia no relacionamento?

Débora: Bom nem preciso dizer o quanto essa pandemia, de um modo geral, foi e está sendo estressante, não é? Tanto o excesso como a falta de contato com o outro influenciaram nessa relação.

Como todo fator estressante gera ansiedade, angustia, mal estar, amplia nossas dificuldades ou necessidades, essa situação acabou refletindo nos relacionamentos conjugais e promovendo muitas brigas em família. O que está bem ficou abalado e que já não estava bem foi fatal para a convivência e aumentou os problemas.


JC Holambra: É possível o amor resistir ao Coronavírus?

Débora: Amor.... o que as pessoas tem interpretado como amor? Vejo muitos se referindo a esse sentimento tão sublime de forma evasiva, sem de fato entender o significado dele. Mas....quando esse amor é compreendido na sua mais pura essência, acredito que sim ele supera, vence, ultrapassa qualquer barreira. O amor é paciente, bondoso, sem orgulho, interesses, ira, rancor...esse pode superar qualquer situação.


JC Holambra: O isolamento social acabou se tornando um grande desafio para os casais de namorados, devido ao distanciamento social. Como reduzir os impactos?

Débora: Sim causou um grande impacto, pois como abraçar, beijar, segurar a mão, conversar olho no olho em tempos como esses?

Mas é preciso se adaptar e na verdade nós seres humanos somos muito adaptáveis. Ouvi de muitos casais sobre o quanto foi difícil lidar com as diferenças de posicionamento de cada um com relação à própria pandemia. Então, aqueles que namoravam tiveram que se reposicionar diante do namoro, e desse reposicionamento surgiram escolhas. Alguns recorreram às tecnologias para conhecer pessoas, outros escolheram encerrar o relacionamento, outros anteciparam e passaram a compartilhar a mesma casa.


JC Holambra: Como saber se um sentimento que aflora (para o bem ou para o mal) é fruto do isolamento?

Débora: Existem pessoas que possuem mais jogo de cintura para lidar com situações difíceis, mas para muitas outras esses momentos causam muitos problemas. O período de confinamento gera medo, afinal, enfrentamos um inimigo invisível e as dúvidas que vêm junto com ele sobre o que ainda pode vir a acontecer. Esses medos e os pensamentos negativos desestabilizam as emoções e fazem com que as pessoas desenvolvam sentimentos como insegurança e ansiedade.

Uma boa reflexão para mudar esses sentimentos pesados é absorver os ensinamentos para nos tornarmos seres humanos melhores. Entendo que sair da rotina habitual gera um impacto, mas uma ótima opção é se adequar ao que estamos vivendo hoje de uma forma mais leve. É necessário aprendermos a enfrentar tudo isso e enxergar que tudo traz um renascimento.


JC Holambra: É possível se apaixonar à distância e manter o amor à distância? Como?

Débora: Quem nunca gostou de alguém de outra cidade ou até mesmo de outro país, não é? Eu costumo dizer que o amor é algo puro e burro. Ele é capaz de não enxergar a distância, não ter preconceito de cor, não escolher o sexo, não ver a idade e muitas vezes ignorar por completo as características físicas do outro. É a nossa cabeça que impõe as regras, que desperta o medo, que nos faz pensar em tudo de errado que possa dar para que não nos machuquemos depois. Acredito que com o avanço da tecnologia e o crescimento de aplicativos e redes sociais, essa distância foi reduzida.


JC Holambra: Diante de um mundo com tantas intolerâncias e nervos a flor da pele, como preservar o relacionamento?

Débora: Em todos os meus anos de prática clínica o tema relacionamento é o mais recorrente. A grande procura das pessoas pela terapia, geralmente, se dá quando algo não está bem na sua união afetiva. Ou seja, quando existe muitas brigas ou até o término do mesmo. Entretanto, seria bom que as pessoas nos procurassem antes disto.

Como manter um relacionamento saudável? É preciso que haja amor e admiração, aceitação e respeito, diálogo e comunicação clara, confiança e liberdade. Quando duas pessoas estão juntas e se amam, elas precisam estar em sintonia uma com a outra....com tudo isso é sim possível manter um relacionamento duradouro.

Brigas sempre vão haver, mas com todos esses recursos e maturidade podemos superar tudo.


JC Holambra: Como o casal faz para conciliar o amor e a rejeição da família ao relacionamento?

Débora: Faça sua parte. Carinho, amor não se impõe, se conquista. Não dá para forçar uma aceitação da família, mas também se desfazer e criar atrito não vai ajudar em nada. Mesmo que seja muito desafiador é preciso tentar criar laços de simpatia, conversar, participar. Mesmo sendo um grande esforço é um diferencial importante para a harmonia do casal. Mas também existem os casos estremos onde os familiares não sabem ter limites e acabam invadindo o nosso espaço, sendo inconvenientes e até agressivos. Nesse momento, o melhor a se fazer é manter distância física e emocional.


JC Holambra: O que é mais verdadeiro: Alma gêmea ou os opostos se atraem?

Débora: olha, nem cientificamente é verdade que os opostos se atraem, ao contrário, as pessoas tendem a procurar, atrair pessoas semelhantes. A hipótese da complementaridade em que, por exemplo, uma pessoa tímida procura por uma extrovertida para equilibrar essa característica dela, e vice-versa parece muito interessante. Além disso, é culturalmente aceita: crescemos vendo novelas e séries em que mocinhas se apaixonavam perdidamente por bandidos No entanto, relações entre opostos é puramente ficção.


Pastor e Sociólogo Silvio Donizeti Fortunato



JC Holambra: O que faz um casal ser feliz?

Silvio: A felicidade é algo esperado em um relacionamento, acredito que o que faz um casal ser feliz seja: O Amor mútuo e verdadeiro.




JC Holambra: Os conceitos de adaptação e resiliência nunca foram tão falados como agora. Quais os efeitos da pandemia no relacionamento?

Sílvio: Certamente que a Pandemia veio para provar muitos relacionamentos. Para alguns se tornou um tempo de aproximação, resgate de valores deixados no decorrer do relacionamento: Como diálogo. Para outros relacionamentos têm sido desgastante e motivos de brigas, esfriamento na relação e até separação.


JC Holambra: É possível o amor resistir ao Coronavírus?

Sílvio: Sim com Certeza. É nesse tempo que à possibilidade dos relacionamentos se fortalecerem e superarem as incertezas causadas pelo Coronavírus, através do amor e parceria entre o casal.


JC Holambra: O isolamento social acabou se tornando um grande desafio para os casais de namorados, devido ao distanciamento social. Como reduzir os impactos?

Sílvio: Hoje temos várias maneiras de diminuir os impactos, através rede sociais, App que têm capacidade de aproximar quem está longe através da tecnologia. E com isso trazer esperança e "sobrevivência" ao relacionamento


JC Holambra: Como saber se um sentimento que aflora (para o bem ou para o mal) é fruto do isolamento?

Sílvio: O isolamento é contrário à natureza do ser humano, e pode ter seus efeitos negativos uma vez que o ser humano não foi criado para viver isolado. Quando homem e mulher vivem nessas condições de isolamento isso pode afetar e atrapalhar diretamente o relacionamento. Por outro lado pode se tornar um momento de aproximação e superação uma vez que é um momento de inovar e enfrentar juntos esse momento desafiador em que os casais estão enfrentando.


JC Holambra: É possível se apaixonar à distância e manter o amor à distância? Como?

Sílvio: Certamente que sim. O ser humano é o único ser criado por Deus que pode mudar adaptar- se mediante situações diferentes de seu cotidiano


JC Holambra: Após um ano de pandemia, principalmente no momento em que o Brasil passa pela possível terceira onda do coronavírus, o que a continuação do isolamento social representa para os jovens casais?

Silvio: Os casais mais jovens geralmente têm menos experiências no âmbito conjugal, todavia nesse período muitos tem visto no isolamento a oportunidade de enfrentarem juntos esse período e assim valorizar o relacionamento. É um momento de crescimento com possibilidade de amadurecimento para o jovem casal.


JC Holambra: Como o estresse durante a pandemia têm se refletido nas relações?

Sílvio: O índice de violência têm aumentado de maneira assustadora nesse tempo de Pandemia, as relações tem sido afetadas diretamente deixando lacunas irreparáveis como: Traumas, Depressão, Traições e Divórcios


JC Holambra: Como lidar com as manias “chatas” do relacionamento?

Sílvio: No relacionamento não é encontrar a pessoa certa, mas sim ser você a pessoa certa. Superar as diferenças é fundamental para manutenção do relacionamento.


JC Holambra: Diante de um mundo com tantas intolerâncias e nervos a flor da pele, como preservar o relacionamento?

Silvio: Diálogo é uma ferramenta extremamente valiosa no relacionamento, na verdade um relacionamento depende diretamente do diálogo para a sua sobrevivência.


JC Holambra: É possível manter um relacionamento duradouro mesmo com tantos apelos de vida feliz do outro lado do muro?

Sílvio: Certamente que sim. O amor e a confiança mútua traz equilíbrio para o casal e blindagem para a manutenção do relacionamento


JC Holambra: Qual a importância de criar coisas e objetivos comuns independe da vida individualizada profissional e pessoal?

Sílvio: A participação de ambos na construção de um relacionamento sólido com foco e objetivos são bases importantes e que podem definir e garantir o sucesso do relacionamento.


JC Holambra: Até que ponto deve se ceder a vontade do outro?

Silvio: Para a manutenção do relacionamento ambos devem entender que o mais importante é o amor e quando amor ambos sabe onde e quando devem ceder para o equilíbrio e harmonia do casal.


JC Holambra: Como o casal faz para conciliar o amor e a rejeição da família ao relacionamento?

Sílvio: Certamente que o amor é a base essencial na vida de um casal, quando falta essa característica certamente faltará "vida" para esse relacionamento levando a frieza e a indiferença causando a falência.


JC Holambra: O que é mais verdadeiro: Alma gêmea ou os opostos se atraem?

Sílvio: Não existe relacionamento perfeito. Acredito que os opostos se atraem é na diferença que a possibilidade de crescimento e aprendizado.


JC Holambra: Como melhorar ou salvar o relacionamento?

Sílvio: O amor é a "alma" do casamento e quando ele vem a faltar, o casal perde a sua essência, prazer e desejo de continuar juntos. A rotina pode ser um problema para o relacionamento, a criatividade pode ser o remédio um divisor de águas para o casal.



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