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Conheça a história do holambrense que transforma madeira velha em obra de arte

Paulo Eduardo Ambrósio é morador do bairro Imigrantes e usou seu dom para fazer negócio


Noemi Almeida


“Eu sou cristão e tenho como regra de fé a bíblia. No livro de Coríntios, Deus diz que escolhe as coisas desprezíveis desse mundo e as transforma por completo. Talvez isso resuma minha vida. Usar o dom que Deus me deu para achar beleza nas coisas que ninguém mais deseja”. - Paulo Eduardo Ambrósio.

Paulo Eduardo é morador de Holambra há muitos anos e sempre teve paixão por confeccionar móveis de madeira. “Em uma fase da vida precisei morar fora, em Cascavel – PR, porque minha esposa estava estudando e acreditávamos que lá teríamos mais dinheiro”, conta. Entretanto, apesar de ganhar mais, a qualidade de vida que tinha no Paraná não se comparava à de Holambra e o casal precisou inovar para pagar as contas.

“Foi aí que tive a ideia de trabalhar com madeira que ia ser descartada”, relata. Ao passar por demolições, Paulo ficou espantado ao perceber que muitos dos materiais que iam ser jogados fora ainda tinham serventia, se fossem trabalhados. “Então pedi permissão para levar aqueles pedaços de madeira para casa e foi lá que fiz meu primeiro kit com mesinha e armarinho.


A visão artística que Paulo tem para enxergar belos móveis de madeira usada fez dele um pequeno empresário, que resolveu vender seus trabalhos para ajudar com as despesas de casa. Depois de um tempo no Paraná ele a esposa sentiram saudade de Holambra e resolveram voltar para a família e amigos que tanto amam.

“Foi quando me mudei para o bairro Imigrantes que, na época, estava começando a ser povoado”. O marceneiro contou com a ajuda da população para estruturar o seu negócio. “Tudo o que precisei comprar foi uma lixa, todo o resto ganhei de obras que não usavam mais”, explica. Além disso, sempre um morador do bairro que fazia reformas descartava alguma coisa, que servia para Paulo e o ajudava a prosperar. “Foi assim, aos pouquinhos que montei o meu espaço”.



Reviravolta

Alguns moradores, ao verem o que Paulo fazia com a madeira, decidiram parar de ajudar, e tentavam vender para ele as coisas que retiravam das demolições. “Isso não funciona, pois, as madeiras que recebo são muito velhas e necessitam de vários meses de trabalho e mão de obra, para conseguir transformá-las em produtos diferentes. São pregos que tenho que tirar, tachinhas, tintas e outras coisas que não compensam a compra e certamente não cooperam para que os proprietários consigam vende-las para mim, ou para qualquer um”, explica o marceneiro. Coisas que são apenas lixo para qualquer pessoa que não entende do assunto, nas mãos de Paulo podem virar arte.

“O que eu faço, faço por amor, por dom, porque acredito na capacidade de mudança de todas as coisas que são descartadas e dou o máximo de mim para transformá-las”, enfatiza Paulo.



Pedido

Além de servir para o sustento da família de Paulo, o trabalho que ele faz com as madeiras de reforma e usadas é de grande importância para a preservação do meio ambiente. De acordo com a revista especializada Biomassa & Energia, os resíduos de madeira gerados anualmente no Brasil são estimados em 30 milhões de toneladas. A principal fonte de resíduos é a indústria madeireira, que contribui para 91% destes resíduos gerados dos quais, grande parte é proveniente de atividades inerentes de Plano de Manejo Florestal Sustentável (PMFS), que geram resíduos em função das árvores retiradas durante a execução e da infra-estrutura necessária, tais como as aberturas de pátios, estradas e trilhas e outros tipos de materiais, como, por exemplo, as raízes tabulares, as aparas de toras ocas, árvores quebradas ou tombadas entre outros que ficam na floresta e que podem ser aproveitados para diversos fins destacando-se para produção de energia.

E para ajudar ainda mais a população que não tem onde descartar madeira, além de receber esses resíduos em sua oficina localizada na Rua Walravens, número 561, no bairro imigrantes; o profissional ainda busca esse material em qualquer bairro da região, mediante agendamento.


“Como falei antes, amo o que faço, e vou até onde for necessário para ajudar as pessoas e o meio ambiente”, comenta Paulo Eduardo. “Aguardo um futuro onde as pessoas sejam conscientes sobre o consumo e entendam que qualquer coisa e qualquer pessoa podem passar por uma transformação, mediante às mãos de quem acredita nisso”, finaliza.





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