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Entenda o que é Setembro Amarelo e o que você pode fazer para ajudar um amigo em Holambra

Ouvir, conversar, buscar ajuda profissional, estar por perto, acompanhar. Nos dias de hoje, praticamente todas as pessoas conhecem alguém que tirou a própria vida. E se décadas atrás era tabu falar em suicídio, hoje a situação é oposta: é preciso entender e conhecer os sintomas para poder ajudar quem, em silêncio ou com algumas frases isoladas, vem pensando em colocar “um fim” à própria vida.

Para reforçar e incentivar este debate, o Centro de Valorização da Vida (CVV), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) criaram, em 2015, a campanha de prevenção ao suicídio, o Setembro Amarelo, com a proposta de associar à cor ao mês que marca o Dia Mundial de Prevenção do Suicídio (10 de setembro).

O psiquiatra Luís Eduardo Zambon, que atende há oito anos na Policlínica de Holambra, reforçou que a campanha trabalha a conscientização para que a pessoa fique atenta aos próprios sinais e às pessoas que estão ao seu redor. Entre os sinais, o médico destacou isolamento, tristeza que persiste por tempo prolongado, mudança de hábito, de pensamento e de humor. As pessoas podem – e devem – buscar ajuda quando aceitam que precisam de tratamento, mas Zambon frisou que, de maneira geral, “a pessoa que está fora enxerga melhor”. “Geralmente, esta ideia vai sendo amadurecida e passa a ser mais constante a cada dia. Por isto precisamos olhar ao nosso lado e ajudar. Não podemos enxergar apenas mais uma pessoa, mas temos de ouvir quem está ao nosso lado, dar mais atenção, acolhê-la. Este apoio pode fazer a diferença”.

A depressão é considerada a principal causa que leva ao suicídio e Zambon enfatizou: a rede pública de Holambra está preparada para atender quem passa por este problema. Ela pode agendar uma consulta diretamente na Policlínica ou ser encaminhada pelo PSF. Ao relatar seus sintomas, ela poderá passar por terapia ou, caso necessário, ser encaminhada para internação. De acordo com dados referentes a 2019, o setor de psiquiatria fez 1471 atendimentos até o dia 10 de setembro. Já os psicólogos fizeram cerca de 800 atendimentos (este número refere-se a todos os atendimentos, incluindo casos isolados e de pessoas que recebem acompanhamento mensal, quinzenal ou semanal). “Quem sofre de depressão precisa de tratamento e precisa saber que este problema tem cura”. O médico ainda reforçou que a depressão chega a afetar o físico e exemplificou: gera fadiga, modificações no apetite e no sono e aumento do estresse.

Por fim, Zambon citou alguns mitos: jamais se deve duvidar de uma pessoa que diz que vai se suicidar e falar sobre o assunto não estimula o suicídio. “Se uma pessoa fala que vai se suicidar, é preciso acreditar e fazer o que puder para evitar que isso aconteça. E precisamos discutir, deixar aberto o tema pra saber o que é, o que pode ser feito, onde buscar ajuda e tratamento e até mostrar casos de pessoas que superaram este problema”.

A psicóloga peruana Somaira Noguera Flores, especialista em Psicologia Clínica na linha da Terapia Cognitiva Comportamental, reforçou que a campanha “conscientiza a população sobre a realidade do suicídio e mostra que pode existir a prevenção em 90% dos casos” e “ter informação clara sobre assunto é uma grande ferramenta para as pessoas que estão nessa situação possam ser ajudadas”.

Segundo ela, é preciso derrubar barreiras e exemplificou: falar sobre suicídio não aumenta o desejo suicida das pessoas. “Por outro lado, 80% das pessoas avisam ou dão sinais que querem acabar com sua vida, por isso que precisamos estar atentos. De nenhuma maneira deve-se interpretar a expressão do desejo suicida como chantagem emocional ou frescura, pode ser um pedido de ajuda”.

Somaira pontuou que o comportamento suicida é um grito de sofrimento: a pessoa não queria acabar com a sua vida, mas queria parar de sofrer. “A dor é diferente em cada pessoa. Às vezes escuto: mas se essa pessoa tem tudo, como pode estar assim? Mas pouco ou nada sabemos das questões internas e as lutas que cada ser humano tem”. E completou: a depressão tem sido um dos principais fatores que levam ao suicídio. “É importante prestar atenção às mudanças de comportamentos, afastamento das atividades, perda de interesse e comentários sobre a morte”.



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