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Idosos: como agir durante a pandemia?


UBSs passam orientações por telefone e acompanham pacientes com síndrome gripal




O Brasil tem cerca de quatro milhões de idosos morando sozinhos (IBGE), sendo cerca de um milhão apenas no Estado de São Paulo. E o isolamento social, medida mais eficaz contra o Coronavírus, trouxe um desafio: como eles manterão as consultas em dia, a casa abastecida, roupas e medicação em ordem?



A médica Karen Furlan, especializada em Psiquiatria, atua como generalista no PSF Imigrantes, e reforçou: idosos apresentam declínio natural do sistema imunológico, se enquadrando desta forma no grupo de risco para o desenvolvimento de manifestações graves e por vezes fatais da Covid-19. “Essas pessoas devem evitar aglomerações ou viagens, contato com pessoas que retornaram recentemente de outras localidades e o contato próximo com crianças”, resumiu.

Em Holambra, Karen informou que as unidades básicas de saúde passam diversas orientações aos pacientes, via telefone. Também fazem a vigilância às pessoas com síndrome gripal em isolamento, por telefone, a cada dois dias até a sua total recuperação. “E contamos com os agentes comunitários de saúde, profissionais residentes no bairro de sua atuação que conhecem as demandas pessoais dos usuários, sendo mais uma interface entre o serviço público de saúde e o paciente”.


Apesar da quarentena, alguns hábitos não podem ser abandonados: é recomendado manter as medicações de uso contínuo e os hábitos saudáveis de alimentação e hidratação. “Se as doenças crônicas estiverem estabilizadas, as consultas poderão ser adiadas, excetuando-se consultas e procedimentos cirúrgicos que, embora não-urgentes, poderiam trazer algum dano caso adiados, em especial a assistência aos pacientes oncológicos.Se for necessária a visita ao médico devido à urgência ou emergência, manter distância mínima de um metro na recepção, usar máscara e somente ter um acompanhante na consulta”, aconselhou.


Contato limitado

Durante a pandemia, frisou a médica, os filhos, assim como as demais pessoas, devem seguir as recomendações de distanciamento social evitando, se possível, o contato próximo com os pais, pois podem ser portadores assintomáticos do Coronavírus. “É importante ter em mente que o distanciamento é físico apenas. Os filhos podem se manter presentes de outras formas: por telefonemas, por vídeo-chamadas, por áudios e através da execução dos serviços do dia-a-dia (supermercado, banco, farmácia etc)”.


Muitos idosos contam com cuidadores ou diaristas e, nesses casos, também é preciso adotar medidas de segurança. E a médica listou: todos os cuidadores devem ser vacinados contra Influenza (exceto se houver alguma contra-indicação), trocar os sapatos ao adentrar a casa, tomar banho e trocar de roupa. “Devem lavar as mãos com água e sabão líquido (40 a 60 segundos) ou álcool em gel 70% (20 segundos) no início do trabalho e antes e depois de qualquer cuidado direto com o idoso”. Também devem evitar usar adornos durante o trabalho (brincos, correntes, alianças) e manter os cabelos presos. As diaristas devem limitar os dias de visita ao estritamente necessário. “Se utilizar transporte público para chegar ao trabalho, deve usar máscara durante todo o trajeto”. Os demais cuidados são parecidos: trocar a roupa e os sapatos ao chegar na casa do idoso e fazer a higienização das mãos. E tanto diaristas quanto cuidadores que apresentarem resfriado ou síndrome gripal deverão ficar afastados por 14 dias ou até obterem o resultado do teste para infecção por Covid-19.


No geral, em casa, é preciso manter as janelas da casa abertas, privilegiando a ventilação natural. Aumentar a frequência de limpeza dos ambientes. Desinfetar com solução de água sanitária ou álcool 70% locais frequentemente tocados: maçanetas, interruptores, janelas, telefones, teclado do computador, controle remoto. Usar luvas de borracha próprias para limpeza (higienizar as mãos com álcool em gel 70% antes e após calçar as luvas). Os panos devem ser exclusivos para uso em cada ambiente, ou seja, panos usados na limpeza dos banheiros não devem ser usados na limpeza de outros locais da casa, por exemplo.


Manter-se ativo!

Mesmo com as restrições, é recomendado “manter-se ativo”, respeitando as limitações pessoais. “Caminhada, alongamento, cuidado com a limpeza da casa, autocuidado, leitura, são alguns exemplos. A atividade física, mesmo em baixa intensidade, fortalece o sistema imunológico, estimula a cognição, previne e auxilia no tratamento dos distúrbios do humor (depressão)”, explicou.


A médica reforçou que devido à mudança abrupta do cotidiano, alguns idosos experimentarão sintomas melancólicos ou ansiosos, irão desenvolver ou reagudizar doenças psiquiátricas pré-existentes neste momento de pandemia. “Manter a rotina neste momento é fundamental, ter horário para ir para a cama, para levantar-se, alimentar e tomar sol. E manter o uso das medicações psiquiátricas já utilizadas, na mesma dosagem”. Outros hábitos saudáveis que devem ser mantidos são: atividade física de leve a média intensidade em casa, engajamento em atividades domiciliares de baixa complexidade (organização de álbum fotográfico, jardinagem por exemplo), evitar assistir a noticiários frequentemente e utilizar a internet de forma lúdica e social (reencontrar amigos, visitar museus, assistir filmes, e conversar com familiares). Mas caso haja um sofrimento intenso e constante ao longo dos dias, a médico reforçou: procure ajuda médica remota ou presencial.

Helga Vilela

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Dra. Karen atende no PSF Imigrantes: idosos precisam manter a rotina, respeitando as limitações pessoais

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