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Medo e dúvida acompanham o momento da aposentadoria

Muitas pessoas que procuram psicoterapia na fase da pré-aposentadoria apresentam o desejo de se manter socialmente ativos por muito tempo, e geralmente desejam continuar trabalhando após a aposentadoria, mesmo que seja em outras funções. A avaliação é da psicóloga Ana Paula Nery, ao completar: as pessoas, neste período da vida, enfrentam medos e inseguranças por ter uma ideia, não legítima, que a identidade pessoal está baseada unicamente na identidade profissional, e o fato de se imaginarem finalizando seus papéis profissionais podem provocar sentimentos de inutilidade, baixa autoestima e ansiedade.


Uma dica da psicóloga é não pensar sobre a aposentadoria apenas quando estiver próximo de completar o tempo máximo da carreira: é preciso fazer planejamento prévio e cuidar para não perder o gosto pela vida, cultivando amizades, saúde, curiosidades, sonhos, bem-estar, inquietações e desejos. “Embora a própria origem da palavra aposentar nos remeta a ficar quietos e reclusos, não é bem isto que as pessoas que já se encontram com chance de se aposentar, seja por idade ou por tempo de trabalho, estão buscando atualmente”.

Ana Paula apontou que sinais de depressão podem ser apresentados nos primeiros anos da aposentadoria, até existir uma boa adaptação à novidade. Porém, pode ser preocupante entre aqueles que não fizeram nenhum tipo de preparação para este momento: esses casos são mais comuns entre profissionais que se mantiveram por no mínimo trinta anos com corpo e mente ativos, sendo ‘reconhecidos’ e, de repente, se sentem ‘parados’, sem apoio emocional que os auxiliem a compreender por onde recomeçar.


A adaptação em casa também terá um peso e dependerá de como é o relacionamento dentro da família. “É bem comum acontecer conflitos entre casais, onde ambos já estão em casa aposentados e se tornam fiscais um do outro”, exemplificou, ao destacar que o inverso também acontece: eles podem optar por desfrutarem da presença um do outro da melhor forma possível, dividindo tarefas, habilidades, sonhos e cuidados que antes não tiveram oportunidade devido a dedicação à carreira profissional. Conflitos com filhos também são comuns e, por vezes, os aposentados se sentem na obrigação de cuidar dos netos. “Ao contrário deste quadro, muitos pais já aposentados podem participar de uma forma diferente na vida dos filhos, aproveitando para perceber, observar e admirar os mesmos já crescidos, seus gostos, ideais e também aprender com eles, assim como curtir os netos sem o peso da obrigação com a educação, tornando o ambiente de encontros familiares agradáveis”.


Por fim, Ana Paula completa que há um momento em que a pessoa faz a opção e, mesmo após decidirem se aposentar, muitas vezes são chamadas de volta. “Dependendo da experiência que tiveram no período em que ficaram em casa, aceitam e retornam. Porém, voltam de uma forma bem diferente, e na hora que novamente decidem por encerrar a carreira definitivamente, o fazem com muito mais segurança, bem mais preparados e dispostos aos novos voos e encantamentos de vida”. (HV)

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