top of page

Moradoras de Holambra falam nesse Dia Internacional da Mulher

Hoje, 8 de março, é comemorado o Dia Internacional da Mulher. A data celebra as muitas conquistas femininas ao longo dos últimos séculos, mas também serve como um alerta sobre os graves problemas de gênero que persistem em todo o mundo.


Apesar dos numerosos avanços, o debate em torno da igualdade de direitos tem hoje mais força do que nunca. Embora a situação da mulher venha melhorando no Brasil e no mundo, a vulnerabilidade ainda é uma marca do gênero. Portanto, ainda há um longo caminho a ser percorrido para uma sociedade ser justa e igualitária.


Para contribuir com esse processo, o Jornal da Cidade, nesta Semana da Mulher, dá voz a diferentes personagens da cidade que buscam, diariamente, seu lugar ao sol e mais respeito por parte da sociedade:


Carolina Udsen, 44 anos, Psicóloga

Vi muita coisa no mundo corporativo. Trabalhei para uma mineradora, com perfil mais sóbrio, rústico, masculino, onde vi crescer, profissionalmente, os homens. Fiz alguns treinamentos em início de carreira com muitos deles e, apesar de receber reconhecimentos e elogios, as promoções não vinham com a mesma rapidez e efetividade das masculinas. Em pouco tempo, mesmo me dedicando muitas vezes mais, eu os via crescer e minhas amigas e eu seguíamos nas mesmas posições hierárquicas.


Sou do universo de Recursos Humanos. Mais de 80% da área é composta por mulheres, mas quando olhávamos o topo da pirâmide, lá estavam os homens.

Sou uma pessoa bastante segura, direta e assertiva. E muitas vezes me dava conta de que os elogios que recebia estavam ligados ao meu perfil “masculino”, como se mulheres não pudessem ser assim. Ainda hoje muito se espera de um papel feminino, como se o que tivesse sido escrito há séculos não pudesse ser revisto, relido, transformado. Mulheres agora podem trabalhar fora, desde que não abandonem a carga ligada ao ideário feminino: precisam também cuidar da casa, dos filhos, da comida, das compras, do cachorro.

A carga mental segue sendo nossa: quem pensa no presente que o filho leva para a festa do amigo, no uniforme ou roupas que ficaram pequenos e precisam ser substituídos, nas compras da semana que gerarão a alimentação familiar.

Acredito que avançaremos nesta equidade quando lermos humanos como humanos, sem a restrição do gênero na atribuição de tarefas ou na leitura de qualidades. Também acredito que cabe a nós, mulheres, escolhermos parceiros que sejam realmente parceiros, que acreditem na igualdade e assumam seus papeis de forma equilibrada para um todo de carga equivalente. Que ensinem filhos a fazerem o mesmo. Esta será, de fato, a evolução, e porque não dizer, revolução!


Angélica Silva, 33 anos, Empresária ramo ótica

Falta respeito pelos espaços alcançados por nós mulheres. Posso dizer, pelas minhas vivências, da dificuldade de me respeitarem como profissional, seja atuando como empresária ou até mesmo como dançarina. Tenho como experiência pessoal, mesmo com minha marca em expansão, momentos em que tenho que lidar com homens que, por eu ser mulher, tentam me ensinar como administrar. Homens que, inclusive, não são empresários ou até mesmo técnicos no segmento em que atuo. A todo momento do meu dia a dia lido com esse tipo de situação.

A sensação de descrédito é incômoda, mas me motiva a nunca desistir e ir além. Assim posso mostrar para a minha filha como enfrentar os problemas de cabeça erguida. Desempenho os papéis de mãe e pai, trabalho nas minhas empresas, cuido da casa, cuido do corpo e da mente. Sou uma mulher totalmente movida por movimentos e desafios. Me sinto completa e muito feliz por ser um grande exemplo pra minha filha de 13 anos, que tem orgulho da mãe que tem e que segue meus passos como aprendiz na minha profissão. Ensino a ela que ela tem que fazer o melhor para o futuro dela. E que se ela quer algo, ela pode conquistar.


Janiele Santana, 43 anos, Chef de cozinha e Empresária ramo alimentício

Boa parte das mulheres enfrentam rotinas com filhos, dupla jornada de trabalho. Algumas sem a ajuda de um companheiro. Acredito que nossa maior realização é a vitória diária. Saber que chegamos em casa com dever totalmente cumprido nas nossas mais diferentes obrigações. Nos papeis de empreendedora, mãe, filha, estudante. Não é sobre sorte. É sobre trabalhar muito e nunca desistir. Já vivi experiências difíceis, com assédio, crises de ansiedade. Mas felizmente as coisas estão mudando.

É cada vez mais frequente vermos mulheres ocupando cargos importantes, posições de destaque. Isso contribui para mudar esse cenário.


Joseane M. Esperança 52 anos, Farmacêutica e Vereadora

Em nosso país e no mundo todo, sofremos com problemas culturais onde o homem sempre tomou conta de tudo e a mulher era responsável pela casa e pelos filhos. Hoje, estamos caminhando para conquistas maiores, mas profissionalmente falando, ainda existe uma grande distância se comparadas aos homens. Na Política onde orgulhosamente tenho a honra hoje de representar a todas, estamos ganhando espaço, porém em uma cidade com nove vereadores no momento temos apenas uma representante feminina. Acredito na mudança e que juntas vamos alcançar lugares cada vez mais altos. Aproveito para agradecer e parabenizar a todas as mulheres que todos os dias batalham por suas famílias e ainda contribuem para o crescimento e desenvolvimento do nosso município.


Ana Paula Sales, 36 anos, Contadora e Servidora pública concursada

No mundo em que vivemos, ser mulher não é nada fácil. Ser mulher e negra, então, é extremamente desafiador. Minha luta é diária. Tenho o privilégio de viver com qualidade, de conhecer muitas pessoas, mas em alguns lugares que frequento percebo certos olhares, uma forma de tratamento diferenciada. Apenas ignoro e continuo em frente. Meu sonho é conseguir comprar minha casa e dar uma casa para minha mãe. Ela é meu maior exemplo de mulher à frente do tempo, que estudou o quando pôde, que saiu de casa cedo, que trabalhou e criou seus cinco filhos tratando de uma anemia crônica que às vezes a levava para o hospital por alguns dias. Minhas duas sobrinhas moram comigo. Hoje são adolescentes. Tento educá-las e mostrar que a mulher pode fazer de tudo. Ou pelo menos tentar fazer. E, pelo que observo em suas atitudes, acho que elas serão mulheres bem fortes e independentes. Aprendi que não podemos nos deixar abalar pelo o que os outros acham de você. Temos que alimentar nossas forças pelo que nós achamos que somos e correr atrás do que queremos conquistar.


Haren Emilene Gomes da Silva, 27 anos, Auxiliar de produção

Aos 18 anos ingressei em meu primeiro emprego. Fui trabalhar com o público, o que não é nada fácil. Certa vez, uma cliente me disse não querer ser atendida por mim. O motivo: sou negra. Foi duro. Me senti constrangida. Mas, ainda assim, tentei auxiliá-la da melhor maneira possível. Fui ao caixa do mercado em que trabalhava e conversei com meu supervisor. Ele se recusou a atendê-la. Disse que eu seria a única pessoa que poderia fazê-lo. A cliente, uma vez mais, se negou.


Ser mulher não é fácil. Ser negra, em função do racismo tão presente em nossa sociedade, é muito difícil. Essa situação me marcou muito. Me sinto realizada de ter superado esse episódio e seguido em frente, sempre em frente, de cabeça erguida e com muito orgulho por ser quem eu sou.


Priscila Almeida Adão, 32 Anos ,Vendedora de Implementos Rodoviários

Apesar dos avanços conquistados pelas mulheres durante as décadas, ainda temos algumas barreiras a serem quebradas no âmbito profissional, como a desigualdade salarial de homens e mulheres em cargos semelhantes, dificuldade de promoções por termos filhos e preconceito pelo fato de sermos mulheres em mercados que, em sua maioria, têm homens exercendo tarefas. Isso se aplica, por exemplo, às funções de motorista, gerente de produção, gerente logístico etc.

E as barreiras no âmbito pessoal, claro, por sermos julgadas e discriminadas, sobretudo quando nos relacionamos com outras mulheres, seja num namoro ou casamento, o que gera mais um obstáculo em nossas vidas: o preconceito diário. Atualmente estou inserida profissionalmente no mercado de implementos rodoviários, trabalho sempre com foco e determinação para mostrar que, como mulher, sou guerreira, conquisto meus objetivos e moldo meu lugar mostrando a todos que mulher não é frágil, mas uma verdadeira força da natureza. Recentemente me casei com uma mulher e recebemos, sim, críticas e julgamentos. Nos perguntaram se estávamos certas de nossas escolhas. Mas diante disso, nossa decisão prevaleceu, mostrando a todos que mulher não é “Sexo Frágil”. E que o amor prevalece.


Adriana Cerveira Soares de Oliveira,51 anos, Psicóloga

Tenho observado que, mesmo com movimentos extremos de algumas mulheres em se relacionar com o corpo e suas características seguindo seus desejos e rompendo com a expectativa social de como as mulheres devem se apresentar, indo na contra mão de uma cultura que prioriza a estética, muitas vezes, em detrimento da saúde, muitas mulheres/ meninas ainda sofrem e desejam a “perfeição”. Nosso corpo expressa herança genética, desejos, limites, histórias, escolhas e circunstâncias.

Sendo assim a diferença, independente da causa, iria configurar o encanto da diferença entre todas. Nossos corpos compõe quem somos. Não nos resumimos nele. Particularmente, passei por uma experiência marcante ; fiz uma mastectomia radical e por 2 anos e 6 meses fiquei sem uma mama. Muitas pessoas viam aquilo como uma perda, uma mutilação que poderia afetar minha feminilidade, minha identidade feminina... Em discussão com o médico a pergunta feita foi: “ o que é mais importante , sua saúde ou sua estética”. Está frase nunca sairá de minha mente e norteia todas meus pensamentos. E com ela faço as escolhas onde elejo o que é prioridade . E é com está vivência que desejo que todas as mulheres saibam quem são e a que vieram para este mundo. Somos muito e somos únicas. E como únicas temos e fazemos toda a diferença.

69 visualizações0 comentário
bottom of page