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Para quem tem mais de 60 é hora de reinventar a rotina

No grupo de risco, eles respeitam as regras e apostam em novas atividades



Manter a boa aparência: se vestir bonitinha, se maquiar e até passar perfume! Respeitar a quarentena, conforme depoimento da holambrense Laís Betti César, de 77 anos, não significa abrir mão dos pequenos (ou grandes) prazeres. Pelo contrário: é preciso manter, sempre que possível, a rotina das atividades ou substituí-las por outras. E esta medida tem sido adotada por muitos holambrenses que tiveram sua rotina transformada nas últimas semanas.


Laís mora em um condomínio em Holambra e sempre foi muito ativa, com diversos compromissos ao longo do dia: desde exercícios físicos e danças circulares até cantar no Coral Pró Música. Logo que foi sugerido o isolamento social, Laís acatou e substituiu a forma de executar cada tarefa. “Diariamente faço 50 minutos de musculação, pelo WhatsApp, orientada pela professora do clube. Aos sábados me reúno com minhas primas pelo Skype e, aos domingos, com meus filhos”, resumiu, ao destacar que manteve as aulas de inglês por Skype e assiste palestras espíritas pelo Youtube. Desta forma, Laís usou as redes sociais a seu favor e também se mantém ocupada com os afazeres domésticos e com os cuidados com as plantas. E quando falta algum item na despensa, a filha de um amigo se encarrega das compras. “Basta ter um pouco de criatividade e nosso tempo será preenchido de forma alegre e saudável”.


Sonia Maria da Silva Pottes, de 67 anos, mora no Groot e está em casa desde 17 de março. “Procuro ver a situação como um período necessário para que todos tenham saúde. Ser do grupo de risco mostra o quanto somos frágeis depois dos 60 anos. Temos mais chances de ficar doente, mesmo quando procuramos ter uma vida saudável”. Sonia disse que já tinha o hábito de ficar em casa e procurou manter ou incluir outras atividades nesta nova rotina: passou a lançar as notas fiscais que revertem um valor financeiro à Associação Príncipe Bernardo (APB), atividade que era executada pelos jovens aprendizes. “O Núcleo de Artesão, com nova diretoria, está fechado e estou auxiliando a nova tesoureira a organizar o fechamento do último mês”, exemplificou. Idealizadora do Núcleo de Artesão, Sonia sempre gostou de ter algum trabalho manual às mãos, como tricô, crochê, bordado ou costura. “Isso sempre ajudou a ocupar meu tempo livre e acredito que ajudará ainda mais nesta época de poucas atividades externas. O prazer de fazer algo que depois poderá ser um presente especial para uma pessoa muito querida é muito gratificante. Assim, ter um hobby é importantíssimo, pois a ociosidade é a maior inimiga para a mente e para o corpo”. Mas Sonia desabafa: o pior foi perder a liberdade de ir e vir. ”Meu filho tem ajudado quando preciso, mas tento me virar sozinha. Supermercado e marmita entregam em casa. As pessoas buscam suas encomendas no portão. Banco, sempre online ou por telefone. E assim já se passaram 30 dias em casa”.


Também muito atuante, Maria Tereza Sabino Venturini, de 69 anos, destacou que foi muito difícil no começo “pois faço tudo a pé, não dirijo”. Entre suas atividades, Tereza ministra aulas de costura na APB, costura em casa e coordena o grupo de jovens do Rotary. “Tenho muitas freguesas e foi difícil enfrentar essa situação. Mas agora vejo que tem que ser assim. O isolamento é o ponto principal para superar a pandemia e sigo firme. Então, com o celular, podemos resolver alguma dúvidas e faço minhas costuras conforme a necessidade, sem a presença das freguesas”. Em casa, brincou, “está cozinhando mais para passar o tempo” e voltou às antigas receitas, além de trocá-las com amigos. “Minha filha pede alguns serviços pela internet e faz as compras de supermercado e farmácias. Fiz pedidos pelo WhatsApp e deu muito certo”. Tereza também está ajudando um grupo de voluntárias na confecção de máscaras, item que não imaginou que faria para esta finalidade. “E nunca imaginei passar uma Semana Santa como essa. Aos 69 anos, agora tenho certeza que a vida é cheia de surpresas e temos que aproveitar todos os segundos que temos”.


Diariamente, Alcione Gregório Wagemaker, de 73 anos, seguia até seu comércio mas, atualmente, a rotina mudou. “Temos consciência que precisamos ficar em casa, mas a dificuldade é grande, pois sempre fui uma pessoa muito ativa. Antes da quarentena, trabalhava no meu comércio, participava de atividades físicas como pilates e alongamento. Agora minhas atividades são cuidar de casa”. Para não ficar pensando na situação, Alcione procura ‘ocupar a cabeça’ fazendo cruzadinhas, crochê e assistindo seus programas favoritos. “Mesmo não vendo os programas que falam sobre a pandemia, estou atenta ao que está acontecendo. Minha dica é ocupar a cabeça”, completou. Geertruida Cornelia Maria Bakker, de 65 anos, mora no centro, em um terreno onde seus filhos têm suas casas.

Desde a quarentena, conta Geertruida, sua vida mudou: dispensou a faxineira, parou com as aulas de dança e com os passeios, cancelou os jogos de baralho e encostou a bicicleta. “Hoje faxino minha casa e quintal, cuido todos os dia da neta, brinco e faço muitos jogos cm ela, levo e busco meu filho (deficiente) ao trabalho em Jaguariúna”, resumiu, ao frisar que os três filhos continuam trabalhando na área da saúde. Para enfrentar o dia seguinte, Geertruida dorme cedo e completa: a filha cuida das compras de supermercado e faz os pagamentos. “Eu fico em casa”.


Muitos holambrenses atuavam em atrativos turísticos que estão temporariamente fechados. Adrianus Lambertus Maria Pennings teve seu trabalho no museu temporariamente suspenso. Mora com a esposa no bairro Alegre e, para se distrair, investe em leitura, jogos de baralho e filmes. Também integrante da comissão do museu, Gertruda Willems, de 62 anos, passa seu tempo na fazenda Esmeralda ao lado do marido e dos dois netos (5 e 2 anos). “No início achei muito difícil, agora já aceitei a situação. Brinco com os netos, arrumo armários. No final não mudou muito: continuo trabalhando no nosso sítio, só não saio mais. Também aproveito para ler livros, ver filmes e ligar para os amigos”.


Dona Laís Frankie Stolf, de 92 anos, mora sozinha no Jardim Holanda e viu sua rotina ser totalmente alterada: deixou de sair com seu carro e as atividades da Terceira Idade e do grupo das bordadeiras – formado por ela há 27 anos – foram suspensas. “Para não desanimar, passo meu tempo fazendo o que gosto: cozinho, costuro, bordo, faço crochê e tricô. Estou tranquila e sigo as orientações dos profissionais da Saúde”, completou, ao enfatizar que passou a encomendar o que precisa por telefone e conta com a ajuda de uma neta para a limpeza da casa.


Helga Vilela

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