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“Sarampo é fenômeno global”, afirma médica de Holambra

Pediatra reforça importância da vacinação para evitar retorno de doenças já erradicadas



Helga Vilela

Na última segunda-feira (7) , começou a Campanha Nacional de Vacinação contra o sarampo, doença que reapareceu no Brasil após ter sido considerada erradicada na região das Américas em 2016, pela Organização Pan Americana da Saúde (OPAS).

A pediatra, alergista e imunologista Carla Parra Duarte, que atende na rede municipal de Holambra, explicou que apesar das Américas terem erradicado a doença, o vírus permaneceu circulando em outras regiões do mundo e com a diminuição da cobertura vacinal ocorreram os surtos. “No Brasil a doença reapareceu na região Norte, nos estados do Amazonas, Roraima e Pará trazidos pelos venezuelanos e, em São Paulo, por pessoas infectadas na Noruega, Malta e Israel”, informou, ao frisar que outros lugares do mundo também registraram novos casos e, somente no primeiro trimestre de 2019, foi registrado um aumento de 300% nos casos de sarampo no mundo com relação ao mesmo período do ano passado. “Portanto, a epidemia de sarampo é um fenômeno global”, considerou. Assim, a campanha de vacinação está entre as estratégias adotadas pelo Ministério da Saúde para evitar a disseminação da doença.


Causas

Aqueda da cobertura vacinal abaixo do considerado seguro pela OPAS (95% da população alvo) é o principal motivo para o retorno de algumas doenças, uma vez que elas não possuem tratamento específico, mas,apenas a prevenção através da imunização. De acordo com dados do Ministério da Saúde, a cobertura vacinal da tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) foi de 70,6% em 2017 e 90,8% em 2018.

A médica citou que entre os fatores envolvidos na queda da cobertura vacinal estão a dificuldade de acesso às unidades básicas, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, o horário de funcionamento que coincide com o período de trabalho dos pais e até a falta de confiança nas vacinas, uma vez que muitos questionam a segurança e temem seus efeitos colaterais. “Frequentemente pais associam qualquer ocorrência de saúde, principalmente em crianças saudáveis abaixo de um ano, como efeito colateral da vacina, mas, na maioria das vezes, essa correlação não existe. Além disso, a falta de vivência com a doença faz com que acreditem que os possíveis efeitos colaterais como febre e dor local são piores do que a própria doença. Ou ainda que a vacina irá induzir a própria doença ou que seus componentes causarão algum tipo de reação alérgica”, explicou.

Carla pontuou ainda que os longos períodos sem a doença fazem com que as pessoas percam a vivência com a mortalidade que esses vírus causaram e, consequentemente, não temam ou acreditem no seu retorno. Tem ainda o movimento anti-vacina, considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma das 10 maiores ameaças à saúde global e esta resistência à vacinação não tem origem bem determinada. “Sabe-se, porém, que movimentos anti-vacina ganharam força após publicação do artigo de Andrew Wakefield, em 1998, na Revista Lancet. Nele, o ex-médico britânico associou erroneamente autismo com a vacina tríplice viral. Anos depois, médicos e cientistas afastaram essa hipótese e apontaram fraudes nas evidências das pesquisas de Andrew o que gerou sua cassação de licença médica”, informou. E, para finalizar, tem ainda as fakenews. “Com o surgimento das redes sociais houve a disseminação de informações errôneas entre a população e o crescimento de comunidades anti-vacinas que, antigamente restritas a pequenos grupos, principalmente na Europa e EUA, ganharam o mundo em sites, blogs e comunidades”.

E com a baixa cobertura vacinal, a médica reforçou que há a ameaça do retorno de outras doenças já erradicadas no passado. Na década de 80,exemplificou,sarampo, pólio, rubéola, síndrome da rubéola congênita, meningite, tétano, coqueluche e difteria foram responsáveis por 5,5 mil óbitos em crianças abaixo de cinco anos no Brasil. Em 2009 foram 50. “A imunização é a única maneira de garantirmos que doenças erradicadas não voltem. As vacinas são seguras e protegem nossos filhos. Não acreditem em informações que circulam nas mídias sociais. Converse sempre com um profissional de saúde e tire suas dúvidas. Vacinar é um ato de amor e de responsabilidade social”, finalizou.




Campanha para atualização da carteira já começou

O retorno do sarampo colocou os pais em alerta e, em Holambra, muitos procuram o setor de vacinas, na Policlínica, para conferir a carteira de vacinação de seus filhos. Com o início da Campanha de Vacinação – voltada neste primeiro momento à atualização das doses em crianças de seis meses a menores de 5 anos de idade (até dia 25) e posteriormente, em novembro, para imunização de adultos entre 20 e 29 anos – a procura aumentou, mas vale ressaltar que trata-se de uma campanha seletiva (verifica-se a necessidade da aplicação da vacina conforme número de doses recomendado para cada faixa etária).

Devido ao surto de sarampo, a funcionária pública Maria Vilma de Farias levou seu filho Lucas, de seis meses, para ser imunizado assim que foi liberada a imunização para esta faixa etária (pelo calendário de rotina, a primeira dose acontece com 12 meses, mas foi antecipada devido aos novos casos da doença). “Quis vaciná-lo logo para deixa-lo protegido e sempre optei pela imunização. Algumas vacinas causam reação, mas meus filhos ficarão doentes”, disse. A autônoma Pamela Cristina Pandolfo foi conferir a carteira de vacina de seu filho Murilo na manhã de quarta-feira – anteriormente, devido a um problema de saúde, algumas doses foram adiadas –e voltará hoje, sexta-feira, dia de aplicação da vacina contra febre amarela. As doses de sarampo estavam em dia. “Estava preocupada com sarampo e agora estou mais tranquila. E como estou buscando uma vaga na creche, é importante ter todas as vacinas em dia”. Ele também precisa da DTP (Difteria, Tétano e Coqueluche), que está em falta.

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