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Como as novas tecnologias vão impactar o mercado de trabalho do futuro




É muito comum ouvir o comentário de que as funções e as formas de trabalhar estão mudando. Na verdade, sempre houve mudanças, mas nos últimos anos ela têm ocorrido de forma muito acelerada. Pense no seu trabalho. Quem hoje desenvolve suas atividades laborais da mesma forma ou com os mesmos instrumentos e ferramentas como se fazia há dez anos? Das funções mais simples às mais complexas, seja no campo, na cidade, na indústria, nas artes, tudo está em movimento e sendo transformado pelas novas tecnologias e a cada dia essas transformações impactam de forma mais forte os trabalhadores de cada área.


Percebemos isso no nosso cotidiano, mas essa é uma questão ainda mais ampla que tem trazido uma série de questões para empresas, governos e organismos internacionais. Há quem defenda que as máquinas e as inovações chamadas de 4.0 - que envolvem internet das coisas, transmissão de dados, impressão 3D e inteligência artificial – poderão substituir o trabalho humano em algumas áreas ou mesmo transformar esse trabalho de tal forma que haverá uma necessidade muito grande de readaptação desses trabalhadores para a função.

Em 2016, esse já era um dos temas principais do Fórum Econômico Mundial daquele ano.


Realizado em Davos, na Suíça, o Fórum é um encontro realizado todos os anos, reunindo líderes mundiais, empresários, economistas e especialistas para discutir questões que impactam a economia mundial. Na época, as discussões apresentaram preocupação com os efeitos negativos da introdução crescente das novas tecnologias de informação e comunicação no mercado de trabalho, como o aumento do desemprego e da informalidade, que atingem, principalmente, a força de trabalho de qualificação média.


Essas tecnologias se referiam inicialmente à microeletrônica, informática, biotecnologia e tecnologia dos materiais. Atualmente outras tecnologias já operam sob esta nova configuração, como Internet das Coisas, Internet dos Serviços, robótica avançada, inteligência artificial, Big Data, nuvens digitais, nanotecnologia, segurança cibernética, drones inteligentes, realidade aumentada, entre outras.


Os reflexos dessas mudanças no mercado de trabalho são percebidos à medida que avançam e aparecem as necessidades de novas qualificações de trabalhadores. As ocupações mais mecanizadas reduzem as funções do operador, ao mesmo tempo que passa a existir a necessidade de outras tarefas indiretas como programação (informática), engenharia, matemática. Ou seja, potencialmente criam-se trabalhos especializado. Em tese, haveria redução do número de empregos em determinadas funções, mas outros seriam criados, em especial nas áreas de tecnologia.


Mais recentemente, em 2021, o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) realizou uma pesquisa extensa sobre o tema e produziu um relatório sobre os impactos das mudanças tecnológicas para os trabalhadores, apontando algumas tendências sobre o que já está acontecendo no País e possíveis impactos futuros.


Uma das conclusões é de que o saldo entre o desemprego vindo da tecnológico e o emprego compensatório resultante das transformações na estrutura ocupacional, pode ser positivo ou negativo, dependendo da velocidade de crescimento da inovação tecnológica e de como os ganhos advindos da tecnologia serão investidos. Um exemplo: será necessário investir na formação dos trabalhadores, na requalificação, mas também será necessário que os governos invistam na educação de base, pois os profissionais do futuro terão de ter uma formação bem mais completa e diferenciada para estarem aptos a compreender e se inserir neste novo mundo. Precisarão ser mais flexíveis, criativos, abertos às transformações.


O comércio, com o acelerado crescimento do comércio eletrônico pós-pandemia, é um setor interessante como exemplo. Se por um lado há funções com risco de substituição, por outro, já existem indícios de novas demandas de ocupação para esse setor, como os analistas, assistentes e gerentes de e-commerce, os analistas de marketing digital, os analistas de mídia social, além dos programadores, entre outros. E também de novas atribuições como gerenciamento dos processos de vendas online, definição dos preços, dos portfólios, das ações de vendas online e dos indicadores de performance.


Caminhos apontados

Este é um tema amplo, fundamental para os trabalhadores de hoje e de amanhã – aqueles que estão em formação, estudando, e pretendem ingressar em breve no mercado de trabalho. Um tema que vai continuar mobilizando empresas e governos e sendo estudado por entidades de classe e pesquisadores, entre outros. Com base nos primeiros estudos e pesquisas, o Dieese apontou alguns caminhos, que servem mais para uma reflexão sobre possibilidades de cenários que teremos mais à frente, dado que ainda não é possível dimensionar como as transformações de fato vão impactar o País.


Um dos pontos destacados no relatório como necessário, já citado acima, é o investimento em políticas de qualificação profissional para a realização das novas tarefas, assim como nas universidades e instituições de treinamento técnico e profissional, para que se adaptem à natureza variável dos empregos. Será necessário inovar e redirecionar a oferta para cursos que envolvam habilidades interpessoais dos trabalhadores (habilidades sociais e de comunicação, criatividade e trabalho em equipe), empresariais e administrativas. São habilidades mais difíceis de automatizar e que oferecem aos trabalhadores a flexibilidade de transitar de um emprego a outro.


Também é necessário que os estudantes e trabalhadores adquiram competências em tecnologias da informação, computação e programação, porque a interação com as máquinas será um denominador comum à maioria dos empregos. Também será necessário gerar vínculos mais fortes entre fornecedores de educação, empregadores, sindicatos e instituições governamentais para garantir que as competências adquiridas correspondam àquelas solicitadas pelos empregadores.


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